terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Texto de José Ilídio Torres


Rosa Vaz, pinta com encantamento de menina, a terra quente africana. Malanjina de nascença, o coração batendo entre Angola e Portugal, cedo se dedicou à linguagem das Artes, onde a Pintura e também a poesia lhe preencheram muitos dos espaços criativos.
Veste-se de tons de fogo, terras vermelhas com cheiro a lavra, azuis de mar, e ocres de horizonte e, olha-nos com solenidade, de sorriso em punho e silêncios em verso em cada olhar que pinta.
Fá-lo de pés descalços, sensual, despindo sobre a tela as suas memórias de tempos idos e futuros, como quem precisa de reinventar as cidades, afagando as feras. E, é nessa cumplicidade entre a cor e o desejo que a sua obra tem olhares profundos e penetrantes, olhares que falam, lábios carnudos de mulher, mãe – África, generosa que nos beija, nos abraça. Obreira incansável, Rosa, pinta-nos em cada tela, em cada argila moldada, em cada pano que tinge. No prolongamento dos dedos, no prolongamento dos continentes, estendendo pontes, passa a sua mensagem.
A sua generosidade estreita laços, une os afetos criativos e eleva-os a uma ideia maior de vida, de terra, de ser. Nestes 25 anos de trabalho, Rosa Vaz tem-nos dado o prazer das suas conversas desenhadas e coloridas com cheiros da terra, onde a mulher e o mar desempenham um grande motor de inspiração, onde cada pincelada é uma sílaba nova, um tom de saudade, um gesto de fervoroso trabalho e dedicação à Cultura, às pontes entre os seres, ao mundo!
A Necessidade com que o faz é profundamente orgânica e a sua urgência é como poesia de cores e tons, é magia, é mistério da imaginação, como a própria Rosa Vaz diz da sua pintura … “Pintar é escrever o mistério da imaginação”.
José Ilídio Torres

(escritor)

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