Texto sobre a Obra de Rosa Vaz.
Traços fortes, cores que nos
levam directo a Africa são bem presentes na pintura de Rosa Vaz que celebra
este ano os seus 25 anos de carreira, e que não deixam ninguém indiferente. É
um a viagem quente e difícil dos rios de Angola que imagino sentir nos traços
das suas telas, dias raros, grandes, de fortes aromas onde o coração é um
animal feroz.
O fogo é a presença, talvez por
isso desde a primeira vez que meus olhos se cruzaram com as telas da Rosa, eu
me vi de entre as paisagens que tecem os olhares dos rostos negros que maioria
das telas compõe. A sua obra é um solstício em absoluta erecção. O verde
enxame; que eleva-me aos cheiros macios que nas manhãs são, puro aluvião. O
ocre onde a terra centra as ilhargas e os veios e todos os uivos dos bichos
alborcados.
Feras e deuses nas raízes
tribais, nas argilas que reacendem o lume fascinante dos céus de Africa, o
pincel, onde a terra incha, cresce e as nuvens imaginam açúcar como os brancos
das telas da Rosa que por norma embelezam as mulheres que tão bem pinta e
retracta.
Lugares maduros cobertos de
pigmentação mumificam silhuetas fêmeas onde o frenesim consagra-se babilónico.
O azul imutável a cor que transforma o calor
em humidade nas paisagens e dá de beber aos sentires que contrastam o fogo
inscrito nas telas e nas interrogações mulatas das bocas que destroçam qualquer
um.
A sua obra é de uma riqueza incalculável,
profunda e é uma honra para todos aqueles que têm o privilégio de poder exibir
o olhar pelo trabalho primoroso e esfuziante que esta exposição permite e onde
a artista se desnudou totalmente trazendo até nós as suas
raízes e toda a expansão sensorial que Africa permite a todos os que através
dela se revestem e partilham a sua magia; e a Rosa Vaz soube transferir na
perfeição essa magia e essa pureza que existe por detrás das alças dos impérios
da Terra-Mãe, Africa.
Luísa Demétrio Raposo
Portalegre, 25 de
Fevereiro, 2014
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